sexta-feira, 26 de outubro de 2012

índio

Ele aprendeu com os bichos
que a boca é ferramenta

Me atormenta a lembrança.....

Sua boca doce derreteu a minha alma
suspiro atrás de suspiro
ouvi que corre alta a severina noite

Se fecho os olhos só consigo respirar o teu desejo
braços, ombros, dentes e pêlo
corro mata á dentro
e a cada gemido adentro.

Ele segurava a lua para que o sol não viesse nos espiar
o nosso tipo de amor não sobrevive a luz do dia

Uma cachoeira brotou da sua nuca
e logo depois achou outra nascente no meio das minhas pernas
água e doce e sal e mata

Eu aprendi com ele
que o destino de todos os sutiãs é explodir na boca.






Pedregulho

São poucos os que encaixam queixo e alma
beijo que acalma

Será que acalma?

Ou será que aguça
e logo, me assusta

A entrega certeira
de tudo o que vejo
de todo desejo
Será uma besteira?

CORRA!

Com o coração disparado
o olhar preocupado
até se cansar
menino mimado.






terça-feira, 18 de setembro de 2012

bicho de teste

Ela olhou pra ele tentando entender.
Os dois estavam ali, na beira do lago. O frio era tanto que não conseguiriam permanecer muito ali sem que se abraçassem.

Ele olhou pra dentro buscando entender.
Os dois estavam ali, debaixo das estrelas. O calor era tanto que não conseguiriam permanecer ali sem que se beijassem.

Assim, cada um no seu bloco de concreto, permaneceram a noite inteira.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

oiF

A vontade era de correr.
Correr até que os pés doessem mais que o coração.
Até que o coração saísse logo pela boca. E ela pudesse, finalmente, deixá-lo por aí... como quem perde uma chave.

O impossível é ser ao mesmo tempo. O olho no olho e as batidas ao mesmo tempo. Todas.
O difícil é o tempo dar. É coincidir. Construir.

Sabe aquele pedaço de degrau que faltou pra você não escorregar?
Aquela tomada que não entrou por faltar um milímetro de fio?

Fio.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

(Ex)crava

Maldita é a mulher que não te prende
Que te solta e não sabe que você sempre volta

Que na vinda seu passos são leves como todas as lembranças
dos rodopios que dou no seu corpo, dos movimentos soltos...
De tudo que explode no sorriso exausto.

Que na ida pesa a cruz nas tuas costas
que te retalha em postas. Mas, no fundo, gostas.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Pedra na terra

Como se fosse tudo amarrado
Errado

Lembro sempre que não te esqueci
jurei que não te amo mais
Me anestesiei pra parar de te sentir

De repente ficou tudo amarrado
Parado

é quando se ouve o mais forte
uma escola de samba entrando na avenida...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Então vamos, porque agora é.

Ter que ser superficial é o que faz o corte ser mais profundo.
Lá. Dentro. Pulsante.
Como o sal que se joga no sangramento.

Ter que rir para o que te trava.
E fazer disso o que te impulsiona.

As vezes acredito que se permite viver isso quem quer saber o tamanho da alma.
Ou da paciência. Do medo, ou da falta dele.